quarta-feira, 11 de março de 2009

Ontem eu terminei de ler um livro do qual gostei muito. Isso é sempre difícil pra mim.

Já fazia bastante tempo que eu paquerava esse livro nas prateleiras. O título me chamava. "A menina que roubava livros". Pegava. Pensava. Devolvia. Acho que tinha medo de me decepcionar. Até que, na última vez em que estive no Brasil, sucumbi.

Gostei desde o começo, mas a leitura evoluia bem devagar. Um pouco de preguiça, um pouco de medo do fim e um bom tanto de vontade de protelar a separação inevitável depois da última página.

O livro tem uma certa cara infantil. Conta a vida de Liesel, uma menina alemã apaixonada pelas palavras, uma ladra de livros admirada pela morte, a narradora da história.

O extremismo da filosofia imposta por Hitler contrasta com a poesia dos personagens. Por causa dessa poesia, numa época tão dura, tão cheia de restrições, a menina teve a chance de descobrir e entender a beleza das palavras e usou-as como instrumento de salvação (de várias maneiras).

Me despedi do livro dentro do avião, chorando e feliz.

Me encanta demais a capacidade que algumas pessoas têm de emocionar através de palavras. Essa capacidade divina de colocar nos nossos corações gente que só existe nas páginas de um livro. Lendo "A menina que roubava livros" cheguei a ter simpatia (e até uma certa pena) da morte.

Hoje, passado o luto pelo fim da história, posso dizer que estou muito satisfeita, afinal tenho mais alguns nomes pra juntar a minha lista de amigos tipográficos.

Liesel, Hans, Rosa e Rudy agora fazem companhia a Zezinho e Portuga; Tipinha, Topinha e Betina; os Karas; Esteban e Clara Trueba; José Arcádio, Úrsula e todos os Buendía; Morgana, Arthur e Lancelot; Harry, Rony e Hermione; Lestat; Tamar e Muhamed; Daniel Sempere e Julian Carax; Amir e Hassan; Florentino Ariza; Sofia; Théo e tantos outros.

"A menina que roubava livros" volta para estante. "El juego del ángel" já levantou a mão e se ofereceu pra ser meu próximo companheiro.

Que seja mais uma saudade gostosa daqui a algum tempo...

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu sou dessas pessoas que ficam com saudades dos personagens também. Eles viram meus amigos, me acompanham em casa, viagens, nada a fazer... e não estou só falando dos das letrinhas, os dos seriados e Big Brothers, também entram nessa gavetinha..
beijos
marcela

Anônimo disse...

Esse era o outro livro que eu queria empacotar pra vc no malote...
Estava em férias, na França, quando terminei de ler. Chorava compulsivamente sozinha no quarto do hotel. Deixei as últimas 10 páginas para ler indoor.
O outono de Paris não merecia o meu escândalo duplo: pelo drama da história e porque eu estava prestes a ficar órfã de livros.
Beijocas!
Renata