domingo, 27 de abril de 2008

Bukowski

Achei esse poema triste e, como boa parte das coisas tristes, muito bonito. Autorizada por Fabi, que me lembrou que as poesias, e mais especificamente Charles Bukowski, não têm dono, coloco aqui o que vi no Fervilheta.

Só sinto que Henry tenha esperado pelo derradeiro momento pra dizer o que a mulher provavelmente esperou a vida inteira pra ouvir...

CONFISSÃO

esperando pela morte
como um gato
que vai pular
na cama

sinto muita pena de
minha mulher

ela vai ver este
corpo
rijo e
branco

vai sacudi-lo
e talvez
sacudi-lo de novo:

"Henry!"

e Henry não vai
responder.

não é minha morte que me
preocupa, é minha mulher
deixada sozinha com este monte
de coisa nenhuma

no entanto,
eu quero que ela
saiba
que dormir
todas as noites ao seu lado

e mesmo as
discusões mais banais
eram coisas
realmente esplêndidas

e as palavras
difíceis
que sempre tive medo de
dizer
podem agora
ser ditas:

eu
te amo.

3 comentários:

Carol disse...

Aline!!
Que lindo!!!! Adorei o texto... e é um puxão de orelha na gente mesmo, pra lembrar que temos que nos dar o direito de dizer e ouvir coisas boas 'em vida'... amei mesmo esse texto!!!!
beijo grande!!!!!!!!!

fervilheta disse...

ieba !
muito bacana ler esse texto aqui também !
merece mesmo ser repetido, espalhado....
um beijo, querida e estou no aguardo da visiteeenha em maio.
fabi./

Central Perk disse...

Que coisa mais linda e mais contundente. Um tapa na cara, eu diria. Lindo. Beijos!